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Dr. Gustavo Leobas

Hérnia Discal

Sempre digo aos meus pacientes:

Hérnia de disco e “bico-de-papagaio” (osteófitos) estão para a coluna assim como as rugas estão para o rosto. Todos são consequência do nosso envelhecimento, associado a fatores genéticos e ambientais. Alguns têm rugas no rosto ainda jovens, outros aos 80 anos ou mais têm a face pouco marcada por elas. 

Diversos fatores predispõem ao envelhecimento precoce da pele: genética e exposição ao sol são alguns deles. Na coluna, também os fatores genéticos têm um peso importante, acompanhados de sedentarismo ou esforço físico repetitivo e inadequado, ou até mesmo o tabagismo.

A coluna vertebral é uma estrutura complexa formada essencialmente pelas vértebras (componente ósseo), discos intervertebrais e ligamentos. Apoiado pelos músculos que o cercam, todo esse conjunto fornece sustentação ao nosso corpo enquanto também permite grande flexibilidade de movimentos.

A porção anterior de cada vértebra, chamada corpo vertebral, apoia-se sobre o disco intervertebral logo abaixo. Este disco é uma verdadeira almofada que, entre outras coisas, conecta uma vértebra à outra protegendo contra o atrito entre elas, amortece impactos, permite que a coluna se curve em diversas direções e distribui o peso do corpo na postura ereta.

A estrutura do disco intervertebral pode ser resumida de forma simples em um cinturão fibroso (chamado “anel fibroso”) e um centro de material gelatinoso (o “núcleo pulposo”). Lembra bastante aquelas palmilhas feitas de um gel revestido por um plástico e colocadas no calcanhar dos sapatos (o gel representa o núcleo, e o plástico que o envolve corresponde ao anel fibroso).

O anel fibroso funciona como uma cinta, mais rígida, pouco elástica, que mantém o núcleo do disco “represado” em seu devido lugar, evitando que ele se espalhe e comprima estruturas delicadas ao redor, como as pequenas raízes nervosas. Essas raízes localizam-se poucos milímetros atrás dos discos intervertebrais e logo ao sair da coluna se juntam umas às outras para formar os diversos nervos (por exemplo, o nervo ciático). 

A famosa “hérnia de disco” nada mais é, portanto, que o surgimento de uma progressiva fragilidade deste cinturão fibroso. Esse desgaste é natural e ocorre com o envelhecimento, mais precoce ou tardiamente conforme fatores genéticos e ambientais individuais. O anel fibroso fraco perde sua capacidade de contenção e, como uma “represa” que se rompe, deixa extravasar o núcleo gelatinoso do disco que, por sua vez, exercerá compressão sobre as finas raízes nervosas ali próximas. A consequência final é a dor ou até mesmo a diminuição de força e sensibilidade no braço ou perna afetado.

Muitas vezes a sensação dolorosa é intensa e o tratamento cirúrgico para remoção do disco herniado com descompressão das estruturas neurais está indicado nos casos de dor persistente por mais de 8 a 12 semanas, apesar do uso de medicamentos, ou imediatamente na presença de déficit neurológico importante.

É fundamental a avaliação por um neurocirurgião ou cirurgião de coluna habilitado a manejar a dor e identificar sinais de alarme que indiquem a necessidade de intervenção cirúrgica precoce.

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