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Dr. Gustavo Leobas

Hidrocefalia de Pressão Normal

Para começarmos a falar deste assunto, imagine uma pessoa idosa da sua família que era totalmente lúcida e independente, com boa memória, capaz de tomar banho e se vestir sozinha, se alimentar, ir ao banco ou ao supermercado andando sem dificuldades, mas que nos últimos meses vem ficando cada vez mais confusa, não reconhece mais lugares ou pessoas próximas, está incapaz de cuidar de si própria, tem dificuldades para andar sozinha, dá passos muito curtos ou sente que vai cair, e começou até mesmo a perder urina involuntariamente.

Em resumo, um paciente idoso apresentando declínio cognitivo/demência (perda da memória, da atenção, da capacidade para planejar e executar tarefas), com dificuldades para andar e incontinência urinária.

Está aí o quadro clínico típico de um paciente portador de Hidrocefalia de Pressão Normal (H.P.N., ou Síndrome de Hakim-Adams), doença não tão rara na qual o tratamento cirúrgico bem indicado é capaz de melhorar os sintomas e recuperar a qualidade de vida. Porém, acredita-se que muitos pacientes não sejam diagnosticados e muitos daqueles com diagnóstico de Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson ou outros tipos de demências associadas a alterações dos movimentos tenham na verdade Hidrocefalia de Pressão Normal.

A doença surge do acúmulo de líquido em cavidades naturais dentro do cérebro (os ventrículos). Essas cavidades ficam dilatadas, comprimem o cérebro internamente e o aumento delas pode ser visualizado em exames de imagem, como a Tomografia Computadorizada ou a Ressonância Magnética Cerebral. A causa exata para esse acúmulo de líquido ainda não é bem esclarecida, mas em alguns casos pode estar relacionada a sangramentos cerebrais, meningites ou traumas.

O diagnóstico necessita de avaliação clínica por um neurocirurgião, associada a exames de imagem do cérebro. Um teste de melhora dos sintomas com a retirada de pequena quantidade de líquido pode ser feito em consultório e permite avaliar se o paciente terá benefício com a cirurgia.

O tratamento da HPN é cirúrgico e envolve a colocação de um cateter (uma mangueira plástica fina) que retira o excesso de líquido do cérebro. Este tubo é implantado embaixo da pele, fica imperceptível, e geralmente desce até o abdome. Ali o excesso de líquido cerebral é absorvido para a corrente sanguínea e eliminado do corpo.

Os sintomas podem melhorar bastante com a cirurgia, principalmente a capacidade para andar e a incontinência urinária.

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