Fevereiro, e muitas crianças estão em casa ainda aproveitando o final das férias escolares, admirando suas novas mochilas e cadernos prestes a serem estreados com muito orgulho no primeiro dia de aula.
Ainda há tempo de sobra para as brincadeiras e, apesar de muitos pais estarem sempre atentos, acidentes acontecem.
Em crianças, as quedas são acidentes comuns. Na maioria das vezes um joelho arranhado não nos traz maiores preocupações. Mas nos casos em que a cabeça é alvo de colisão contra o solo ou objeto fixo fica sempre a dúvida quanto à necessidade de levar a criança ao hospital para uma avaliação médica.
Em um primeiro momento após esse tipo de trauma o mais importante é socorrer a criança e avaliar se ela está consciente e respirando espontaneamente. O choro é um bom parâmetro e, neste caso, até desejável. Se a criança está chorando fortemente, significa que ela está plenamente acordada e respirando.
Se a criança está inconsciente, não tente mobilizá-la e acione o SAMU (192) imediatamente.
No caso de a criança estar consciente, acolha-a e tente acalmá-la. Procure passar a ela a sensação de segurança. Evite manifestar desespero, pois isso pode deixá-la ainda mais aflita.
Evite dar água, chá, leite ou qualquer alimento neste momento.
A partir de então observe o comportamento da criança pelos próximos minutos. Alguns sinais de alarme podem ser buscados e, na sua presença, é recomendável procurar ajuda médica. São eles:
- Choro inconsolável;
- Abaulamentos volumosos, deformidades ou afundamentos na região do crânio;
- Cortes no couro cabeludo;
- Sonolência associada a dificuldade para acordar a criança;
- Vômitos (principalmente se dois ou mais episódios);
- Crise epiléptica/convulsiva;
- Perda de força em membros ou dificuldades para andar;
- Alteração de comportamento.
Após a avaliação médica, nem sempre será necessária a realização de exames de imagem. Muitas vezes apenas a observação clínica por 12 a 24 horas é suficiente e a maioria das crianças evolui com melhora.
Em certos casos, na suspeita de fraturas ou hemorragia intracraniana, é necessária a realização de um exame de imagem, sendo a Tomografia Computadorizada o método de escolha. É um exame que expõe a criança a altas doses de radiação ionizante (Raios X) e alguns estudos relacionam essa exposição na infância ao surgimento de certos tipos de tumores cerebrais na idade adulta. Portanto, deve ser solicitado quando necessário, obedecendo a alguns critérios:
– Idade abaixo de 2 anos
- Alteração do nível de consciência/confusão mental
- Fratura de crânio palpável
- Mecanismo de trauma grave
- História de perda de consciência maior que 5 segundos
- Hematoma subgaleal (“galo”) em região occipital, ou temporal ou parietal
– Idade acima de 2 anos
- Alteração do nível de consciência/confusão mental
- Sinais de fratura de base de crânio
- História de perda de consciência
- História de vômitos
- Mecanismo de trauma grave
- Dor de cabeça intensa ou piorando
O tratamento dependerá dos achados nos exames e poderá ser apenas observação clínica por algumas horas (nos casos de pequenas hemorragias ou fraturas sem desalinhamento) ou necessitar de intervenção cirúrgica.
Mas a melhor estratégia ainda é a prevenção. Por isso é importante o uso de capacetes em atividades esportivas ou de lazer (ao andar em bicicletas, patins, patinetes, skates); evitar que crianças desçam escadas sem acompanhamento de um adulto, e sempre utilizar o corrimão; evitar lajes ou locais elevados sem proteção por redes ou parapeitos; não utilizar andadores; usar sempre o cinto de segurança e assentos (cadeirinhas) adequados para crianças durante viagens em automóveis.
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